Os desafios do empreendedorismo feminino
*Ana acorda todo dia às 6h. Prepara seu café e segura o caçula no colo enquanto checa sua lista de afazeres e compromissos do dia. Seu marido sai de casa às 7h pro trabalho e ela fica então responsável por cuidar das crianças no período da manhã até a hora deles irem pra escola, no início da tarde. Sua mesa de jantar virou sua mesa de trabalho. Ela usa um desses aplicativos de gerenciamento de tarefas e projetos, e sua lista inclui além de suas tarefas domésticas (sem considerar as mais rotineiras, como preparar o almoço, levar o cachorro pra passear, limpar a casa, ajudar o filho(a) mais velho nas demandas da escola) até suas atividades como uma profissional que presta serviços remotos. Seu dia precisaria ter mais de 24h para incluir outras coisas, como tomar um café com aquela amiga que está passando por um momento delicado ou para acompanhar sua mãe (que faz parte de sua rede de apoio) à uma consulta médica de rotina. Sem contar que o marido de Ana está prestes a completar mais um ano de vida e ela ainda precisa organizar uma comemoração íntima com a família e alguns amigos. Pela lógica, Ana, que trabalha como assistente virtual e presta seus serviços a algumas empresas e profissionais autônomos, precisaria de ter uma assistente, como ela, para ajudar na sua rotina e permitir que ela se dedique a realizar seu trabalho de forma a conquistar um número de clientes que ajudem a compor os rendimentos necessários para o sustento de sua família. Mas não, Ana é uma empreendedora ‘solo’, já que 60% dos negócios comandados por mulheres não têm funcionários, e o sucesso do seu negócio depende do tempo que ela tem disponível para se dedicar a ele. Quem aí se identificou com essa situação? *Ana é uma personagem fictícia, mas esse é um cenário real que poderia comparar a história da Paula Freire Reichert, da Cíntia Nobre, da Karla Peterlini e da Helyda Aquino. Todas alunas e hoje empreendedoras, que encontraram um novo significado para suas vidas a partir de uma nova forma de trabalho que lhes permitissem ser mães e protagonistas de suas carreiras. “Eu queria um trabalho flexível para ser presente no desenvolvimento da minha filha.” “Quando saí da UTI neonatal com meu segundo filho, resolvi pensar em fazer algo diferente. Comecei a colocar a ideia na cabeça, pois sempre fui muito receosa com mudanças.” “Em abril de 2018 nasceu minha filha. Foi aí que meu marido e eu decidimos que eu sairia do trabalho. Comecei a busca por atividades que pudesse realizar em casa, para poder continuar contribuindo com a renda familiar.” “O maior benefício é estar ao lado dos meus filhos e trabalhar com flexibilidade de horário, usando minhas habilidades.” O que essas mulheres empreendedoras têm em comum com outras tantas que escolheram o caminho do empreendedorismo? Para essas mulheres, ter flexibilidade de horário e tempo para a família foram as principais motivações que as levaram a empreender. E na semana em que se comemora o dia internacional do Empreendedorismo Feminino -19 de novembro, data criada pela ONU – vale destacar que mulheres empreendedoras como a Ana, a Paula, a Cíntia, a Karla e a Helyda fazem parte de uma estatística. De acordo com os dados da pesquisa e estudo qualitativo conduzido pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora, as mulheres investem 24% a mais de tempo com a família, se comparado aos homens. Segundo dados de uma outra pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor, conduzida pelo Sebrae, a proporção de “Empreendedores Novos” – os que têm um negócio com menos de 3,5 anos – é maior entre elas: 15,4% contra 12,6% de homens. Sim, estamos empreendendo mais que os homens. Mas continuamos em desvantagem quando se trata de buscar o equilíbrio na balança entre gerir os nossos próprios negócios e dedicar tempo aos cuidados com a família. E isso se reflete em outro dado da pesquisa da RME, que aponta que 58% das mulheres que empreendem o fazem de casa e escolhem o setor de serviços (54% dos empreendimentos) como alternativa para conciliar vida pessoal e carreira. Para a mulher que opta por trabalhar em casa, o desafio é separar as funções de mãe e empreendedora. E isso exige muita disciplina, principalmente porque os pequenos não conseguem entender quando a mãe está presente, mas não está disponível. Com base nas próprias experiências de mães que empreendem e trabalham em casa, separamos algumas dicas (se você quiser entender melhor sobre como colocá las em prática, leia o texto na íntegra aqui) para conciliar o trabalho remoto e a maternidade:
- Organização do Tempo;
- Ter uma rede de apoio;
- Definir o momento de trabalho;
- Definir um tempo exclusivo para a criança;
- Fazer um quadro de rotinas com a criança;
- Ter consistência;
- Ser firme e gentil;
- Cumprir o prometido;
– Envolver as crianças e os adolescentes nas tarefas de casa. Mas ainda assim, sabemos o quão desafiador é a jornada das mães que decidem empreender. Baseado nisso muitas buscam, através dos grupos e redes de apoio, um espaço de acolhimento para dividirem suas angústias através de encontros que promovem o compartilhamento de experiências. Esses grupos são também uma ótima maneira para que as empreendedoras possam divulgar seus negócios, aprimorar seus conhecimentos através de palestras e workshops, ampliar o networking, participar de eventos como feiras e bazares (se você vende algum produto) ou até mesmo ter a chance de apresentar seus empreendimentos em rodadas de negócio, tendo um contato direto com possíveis investidores. Aproveitando essa data tão marcante para todas nós, separamos aqui alguns eventos que irão acontecer nos próximos dias. E caso você tenha uma dica bacana de evento acontecendo em sua cidade ou região, compartilhe aqui com a gente. Então, sugiro que nessa semana você se junte a outras mulheres empreendedoras, mães ou não, e perceba que podemos nos apoiar de forma a fazer dessa jornada um caminhar mais leve. Um giro pelos eventos da semana do Empreendedorismo feminino: ELAS Day A ELAS, escola brasileira de liderança feminina, promove uma imersão de 12 horas focada em ajudar mulheres a superarem a Síndrome do Impostor, que atinge 70% dos profissionais, de acordo com estudo realizado pela psicóloga Gail Matthews, da Universidade Dominicana da Califórnia. Dia 23/11, em São Paulo/SP. 82º Café com empreendedoras – São Paulo Promovido pela Rede Mulher Empreendedora, o encontro busca promover o networking entre suas fundadoras e empreendedoras, e é um espaço aberto para o debate sobre histórias inspiradoras. No link acima, é possível fazer a inscrição. Para quem não pode apoiar, a entrada é grátis. Dia 22/11, em São Paulo/SP Casa B2mamy A B2Mamy, aceleradora que conecta mães empreendedoras ao ecossistema de inovação, inaugurou recentemente a Casa B2Mamy, o primeiro espaço baby friendly dedicado a capacitação e conexão de famílias e marcas que tenham fit com o segmento transformando o mundo em um lugar mais inclusivo e empático. Clique no link acima e acompanhe os eventos do mês de novembro. 11º Café com Empreendedoras – Belo Horizonte Um encontro especial com a RME – Rede Mulher Empreendedora para se conectar e compartilhar conhecimento. Uma oportunidade para conhecer histórias para inspirar e se capacitar para melhorar o seu negócio. Inscrições gratuitas pelo link acima. Dia 22/11, em Belo Horizonte/MG. She´s Tech Conference 2019 O maior evento para Mulheres na Tecnologia do Brasil esse ano conta com mais de 100 palestras. Programação completa aqui Serão 3 dias de palestras, painéis, workshops, mentorias. Uma grande imersão com muito conteúdo e conexões! Do dia 21 a 23 de novembro, em Belo Horizonte/MG Mulheres Elétricas – os dois lados da mesa Mulheres Elétricas, em parceria com a G2Capital e o Cubo Itáu promove em São Paulo um evento que tem como principal temática “Os Dois Lados da Mesa”, e tem como objetivo gerar um diálogo entre “investidoras” e “investidas” no mercado de startups no Brasil, protagonizando as empresas que têm mulheres em cargos de liderança e mulheres que atuam no mercado de investimentos. Espero que você goste dessas dicas e tenha uma semana de muitas conexões!
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